Um mapeamento realizado durante um ano na Amazônia e no Cerrado revelou que Mato Grosso desmatou cerca de 170 mil hectares ilegalmente entre agosto de 2023 a julho de 2024. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Instituto Centro de Vida (ICV) no início de dezembro.
Segundo o Instituto, no Brasil, o Cerrado teve 817 mil hectares desmatados. Já na Amazônia, bioma que corresponde a mais de 40% do Brasil, teve a área desmatada de 680 mil hectares.
🔥O Núcleo de Inteligência Territorial do ICV informou que uma das principais formas de desmatamento é a degradação progressiva do fogo. Essa categoria ocasiona na perda progressiva da biomassa e diversidade estrutural, o que resulta na perda completa da floresta.
“Isso mostra que há o maior desmatamento nas áreas de transição desses biomas: Cerrado e Amazônia. As pessoas querem limpar essas áreas por ser o cinturão de produção de grãos de Mato Grosso”, explicou o coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, Vinicius Silgueiro.
Na Amazônia mato-grossense, as áreas desmatadas se concentram principalmente nas regiões Norte e Noroeste, onde também se localiza o “cinturão da soja” no estado, região que produz grandes quantidades de soja e substitui grandes áreas da floresta amazônica.
“O cinturão da soja, são áreas de produção que estão sendo expandidas. Para desmatar custa caro, [então] é feito por quem tem capital e o setor agrícola é bastante capitalizado”, ressaltou.
Categorias do desmatamento
O levantamento mostrou que 78,7% da área desmatada nos dois biomas ocorreu em imóveis rurais cadastrados, o que equivale a 133,4 mil hectares. O restante da porcentagem se dividiu em outras categorias como áreas não cadastradas, projetos de assentamentos (PA) da reforma agrária e outros.
Os dados indicam que 2% do desmatamento acontece em Unidades de Conservação (UC), como por exemplo, nas Cabeceiras do Rio Cuiabá, uma área de proteção ambiental situada nos municípios de Rosário Oeste e Nobres teve 500 hectares de desmate ilegal, além de mais 790 hectares de derrubadas com autorização emitida pelo órgão estadual de meio ambiente.