A Santa Casa de Rondonópolis, aquela que deveria ser o farol da saúde no Sul e Sudeste de Mato Grosso, mais parece um navio à deriva — ou melhor, um Titanic sem nem direito a orquestra tocando enquanto afunda. Desde julho de 2024, os pagamentos a médicos e prestadores de serviço foram para o fundo do mar, junto com qualquer esperança de organização, colocando em risco o atendimento do SUS e deixando toda a população da região com a boia na mão.
A cada sessão da CEI (Comissão Especial de Inquérito), instalada pela Câmara Municipal para investigar os contratos e a situação financeira da Santa Casa, só aparece mais iceberg no caminho: desorganização interna, istração à base do “deixa a vida me levar” e indícios de irregularidades dignos de novela mexicana. Teve até denúncia de fraude em contratual, feita pelo próprio presidente do Conselho istrativo, Jacques Pollet.
Jacques foi direto ao ponto: garantiu que não assinou o contrato com a CBS Serviços Médicos, apesar de seu nome e estarem lá, bonitinhos. Segundo ele, nunca rubricou as páginas do contrato — e, para quem conhece o estilo Pollet de , isso é quase um crime de lesa-majestade. Para completar a cena, ele jogou na roda que todas as decisões eram tomadas pela ex-gestora Bianca Talita Franco. O Conselho? Só ficava sabendo depois, se desse tempo.
E, claro, a velha desculpa de sempre: o financiamento do SUS é insuficiente. Mas, em 2024, com gastos subindo igual foguete e produção estagnada, o buraco financeiro ficou ainda maior. Dados apresentados na oitiva de 13 de maio de 2025 mostram que o saldo vermelho virou rotina.
Como se não bastasse, a eleição para o novo Conselho, prevista para 24 de abril de 2025, foi suspensa por liminar da chapa do atual presidente. Resultado? Ninguém sabe quando — ou se — teremos nova direção. Por enquanto, seguimos no modo “piloto automático”, esperando o próximo iceberg.
Após 54 anos, a Santa Casa de Rondonópolis segue sem rumo, flutuando à mercê das ondas. E a população? Só observa, cada vez mais apreensiva, torcendo para que alguém finalmente assuma o leme antes que o navio afunde de vez.