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    El Salvador: ações de Bukele na segurança influenciam vizinhos latinos

    A transformação de El Salvador, de um dos países mais violentos do mundo para o mais seguro da América Latina, tem despertado atenção e dividido opiniões no continente. Na última segunda-feira (14/3), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou que visitará o país para conhecer de perto as políticas de segurança adotadas pelo presidente Nayib Bukele.

    A visita de Paes, que governa a cidade brasileira apontada como a mais perigosa do país e a sétima do mundo, segundo o ranking de 2024 da plataforma Numbeo, não é apenas protocolar.

    Em um momento em que a segurança pública se consolida como um dos principais temas da política nacional, o gesto representa um sinal de aproximação do Brasil com uma tendência crescente na região: o endurecimento penal e a militarização como resposta à criminalidade.

    “Milagre” salvadorenho
    Desde que assumiu a presidência em 2019, Bukele impôs um modelo radical de combate ao crime, ancorado em prisões em massa, estado de exceção permanente e vigilância militar constante.

    Mais de 75 mil pessoas foram presas por suposta ligação com gangues — em muitos casos, sem provas ou o à defesa — e o país ganhou notoriedade com a construção do CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo), uma mega prisão com capacidade para 40 mil detentos, sem visitas ou comunicação externa.

    O impacto foi direto. A taxa de homicídios caiu para 1,9 por 100 mil habitantes, a menor das Américas. Bukele se apresenta como um vencedor da “guerra contra as gangues” e desafia abertamente a comunidade internacional, que o acusa de atropelar direitos humanos e o devido processo legal.

    Modelo exportável?
    Equador, Honduras, Argentina, Peru e Guatemala já adotaram — ou estudam adotar — variações do “modelo Bukele”. No Equador, o presidente Daniel Noboa lançou uma série de medidas inspiradas em El Salvador, incluindo mega prisões e toque de recolher.

    Honduras autorizou a construção de um presídio para 20 mil detentos. Na Argentina, a ministra Patricia Bullrich sinalizou apoio a medidas semelhantes. Agora, o interesse de Eduardo Paes coloca o Brasil no radar da chamada “virada securitária” regional.

    Embora o prefeito do Rio tenha perfil mais moderado que líderes conservadores da região, a gravidade da crise de segurança na região pode impulsionar um novo pragmatismo na gestão da ordem pública.

    “Altos índices de corrupção em sistemas judiciais e policiais minam qualquer tentativa séria de reduzir o crime. O cidadão, ao perceber que a lei vale apenas para alguns — ou que pode ser “negociada” nos bastidores —, adere ao cinismo político e desiste da cooperação cívica”, analisa Rodrigues.

    Para o especialista, esse vácuo foi ocupado por formas alternativas de poder. “O crime prospera como alternativa de ordem, enquanto o cidadão comum a a ver o Estado como ausente ou ineficaz.” O modelo salvadorenho, segundo Rodrigues, reflete a demanda social por ordem em meio ao descrédito das instituições tradicionais.

    Ainda assim, o advogado alerta para os riscos de se normalizar estados de exceção: “A luta contra o crime não pode ser terceirizada à truculência. É preciso fortalecer o devido processo como instrumento de confiabilidade, e não como barreira à ação do Estado.”

    O que esperar da visita de Paes?
    A viagem do prefeito do Rio ainda não tem data confirmada, mas deve incluir encontros com autoridades salvadorenhas e visitas a centros de segurança. Internamente, a aproximação com o “efeito Bukele” pode sinalizar uma inflexão na política de segurança carioca.

    Com foco na reeleição em 2026 e atento ao desgaste da segurança pública como tema central no debate urbano, Paes pode estar se reposicionando diante da opinião pública.

    Enquanto isso, o Brasil acompanha, com opiniões divididas, a consolidação de um novo paradigma na América Latina: menos garantias legais em troca de mais controle estatal. Resta saber se tal custo da paz social é compatível com princípios democráticos.

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